terça-feira, março 17

Velório

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"Morreu naquele dia uma pessoa muito especial e ele estava na cerimônia:
- Justino? Ei, Justino!
Virou-se para ver quem gritava seu nome, enquanto a pessoa insistia.
- Oi rapaz! Quanto tempo hein? E aí como vai a família?
- Seu Roberto, que saudade! Ah, todos estão bem...e com o senhor?
Estava meio deprimido, o falecimento realmente o afetara, mas não podia deixar de ser educado.
- Venha cá, vou te mostrar onde o resto do pessoal está reunido.
- Ah, não é preciso, só quero que fique ao meu lado! Tenho medo dessas coisas... -confessou num sussurro quase mudo a simpática figura rechonchuda que agora parecia rir para ele, feliz por tê-lo reencontrado.
- Claro Beto.
Depois daquilo muitas coisas aconteceram, não que tenham demorado muito para sair de lá, mas sim que aquele senhor falou o tempo todo e ele achou que não iria suportar.
Pediu pra morrer e ser enterrado com o cadáver, fazia tanto tempo que já não se lembrava de como aquele gordinho podia falar tanto. Chegou ao ponto de ficar rosado e inchar as bochechas:
- Ufa.
- ...
- Já te contei do caso de seu primo?
- N...não.
E sempre tinha uma nova história na ponta da língua...
Mas depois ele foi se sentindo melhor e já não estava mais tão triste. Percebeu que a figura falante estava menos definida aos seus olhos e havia um ruído estridente cortando o barulho alto de uma música que ele acabara de perceber.
- Acho que é melhor sairmos daqui filho, senão daqui a pouco não vamos conseguir voltar pra casa!
É, era ele mesmo que cortara a música animada do pequeno bar. Ria tanto que não havia como despistar a causa. Naquela noite conseguiu superar a tristeza incurável das últimas semanas de vida do finado e também a dor da perda. Pediu pra morrer e ser enterrado com o cadáver, -queria morrer feliz assim- fazia tempo que aquela cara de felicidade não lhe rasgava o rosto.
No dia seguinte, a aspirina ajudou-o a superar a dor."

***
Ontem minha mãe foi a um velório de uma amiga.
Apesar do lado triste e sombrio da história, existe outra visão do fato que seria, no mínimo, intrigante...
Voltou falando de amigos antigos e de coisas felizes que eles relembraram.
A questão é: Os velórios, entre choros e desesperos, também unem, promovem reencontros, pedidos de perdão e paz.

segunda-feira, março 16

Inauguração

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16 de março de 2009.
Esse blog acaba de ser criado {;B}

Reflexões, coisas estranhas: divertimento.
E também "coisas do momento".