quinta-feira, novembro 5

Feriado

Já passam das cinco dessa tarde de Sábado. Estamos na casa de praia, tranqüilamente enclausurados na pequena sala de estar à meia luz. Ah, o confortável calor humano! Somos mais de vinte aqui, no entanto todos estão tão próximos que quase reduziram o número à metade. Lá fora a chuva chove insistentemente desde cedo e o vento molha tudo o que não estiver entre quatro paredes; definitivamente, hoje não é um bom dia para uma reunião familiar - pelo menos não nessa casa situada à quadra da praia.
Estou inquieta desde que cheguei aqui, meu gênio imperioso - até comigo mesma - tem insistido comigo a noite inteira para ir ao mar, acho que vou ceder.
Falei com meu pai - sem o qual não posso concretizar minha aventura - e depois de um bom tempo consegui convencê-lo a ir comigo. Agora estamos caminhando pela viela que desemboca na praia, a água aqui está nos nossos tornozelos de maneira que mal podemos ver nossos pés debaixo d'água. O dia está realmente muito mais chuvoso e gélido do que eu imaginei, já não há mais nenhuma parte do meu corpo que não esteja molhada e nós saímos de casa há, o que, dois minutos? Chegamos à praia, já passam das seis, e nessa névoa neblinosa infernal não há nem sinais do fabuloso crepúsculo praiano; do contrário, a paleta aqui se mostra variada em cinzas matizados, sem qualquer vestígio de tons rosa, laranja ou avermelhados causando um aspecto mórbido à costa. Entramos na água e juro que se ela estivesse só um pouco mais gelada já estaria à beira de uma hipotermia. Como se não bastasse, as gotas de chuva estão com uma velocidade tão alta que doem nos olhos e espetam na pele, tudo aqui está incrívelmente perfeito.

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